terça-feira, 5 de julho de 2016

O CLARÍN

 

O Jornal que mais leu no Brasil para me informar sobre as notícias da Argentina é o Clarín. Pois ontem tive a oportunidade de conhecer este veículo, ou melhor, estes veículos já que se trata de um grupo de comunicação comporto pelo jornal, revistas, rádio e TV (canal 13).
Fomos recebidos pela funcionaria Anabel Attimira. Ela nos deu algumas explicações iniciais e logo nos encaminhou ao Secretário de Redação Dario Gallo que nos cedeu cerca de 40 minutos do seu precioso tempo.
O jornal Clarín foi criado em 1945 pelo jornalista Roberto Noble e logo se tornou o Jornal de Maior circulação da Argentina. O crescimento da estrutura permitiu alçar voos mais altos. Chegou a ser o jornal de língua espanhola mais lido do mundo. (Hoje é o terceiro – só perde para El Mundo e El pais). Os negócios se expandiram. Hoje tem 91% de capital  e 9% de acionistas estrangeiros.
O grupo tem correspondentes em cinco países: Brasil, Estados Unidos, França, Espanha e Itália.
Dario Gallo explicou como é o trabalho na redação. As diferentes mídias trabalham de forma integrada é uma grande redação onde a informação circula com rapidez e o grupo está aberto à novas ferramentas.
O jornal criou uma plataforma própria unificando o trabalho de jornal impresso e digital. Ele diz que a mídia digital veio pra ficar. Hoje os leitores do site representam o dobro e em algumas datas até o triplo de leitores do jornal impresso, embora seja a publicidade do jornal que sustenta o site. “Os empresários ainda estão se acostumando com esta forma de investimento, mas é um caminho sem volta” salienta Dario.
Questionado pelo grupo sobre o perfil de profissional que eles procuram, ele define da seguinte forma: “queremos um bom jornalista, que saiba contar boas histórias e que saiba lidar com as tecnologias”.
É muito importante que nós jornalistas estejamos preparados para isso porque este é o perfil que a maioria das empresas procuram.
Foi muito proveitoso este bate-papo e a visita à redação e aos estúdios de rádio e TV. Não imaginava que o grupo tinha uma estrutura tão grande.

CRISTINA KIRCHNER

Assim que saímos do Clarín dei uma sugestão ao grupo. “Vamos à casa da Cristina Kirchner?” Metade do grupo topou.
É que o dia anterior a correspondente da Folha de São Paulo havia falado que sempre tem muitos jornalistas em frente à casa dela. Uma figura polêmica que deixou o governo sob fortes denúncias de corrupção. Lá formos nós para a frente da casa dela.
Chegando lá a informação se confirmou. Estava cheio de jornalistas, apesar da chuva. Aliás já percebi que os argentinos, definitivamente não tem medo de chuva!
Conversando com os colegas descobrimos que ela estava pra sair a qualquer momento.
Os seguranças fizeram um escudo humanos da porta do prédio até o carro que ela embarcaria. Eu e a Jack nos enfiamos logo atrás dos seguranças numa posição ótima para gravar. Pluguei o microfone do celular e ficamos ali, quase uma hora de pé, quando veio a notícia de que ela não iria mais sair. O escudo humano se desfez e nós fomos para o outro lado da rua em um café onde tem wifi. Estávamos tranquilos tomando café e falando com o Brasil quando as luzes se ascenderam do outro lado da rua. Corremos e mas a nosso posição atrás dos seguranças já esta ocupada pelos fãs de Cristina.
Eu tinha que analisar o ambiente e pensar rápido em um plano “B”.
Do outro lado do carro onde ela entraria, tinha menos gente. O carro do segurança estava colado no carro da ex-presidente. Pensei cá com meus botões: “é aqui mesmo”.
Como sou pequena conseguiria avançar um pouco naquele vão para chegar até ela, mas os seguranças não poderiam perceber que este era o meu plano! O Luiz que bem mais alto que eu, (deve ter um metro e oitenta) estava atrás de meu. Pluguei meu microfone no celular e entreguei para ele. Pedi que ele gravasse e se preocupasse só em enquadra ela. Quando Cristina apareceu na porta foi um “salve-se quem puder”. Fiquei quase deitada em cima do carro, com a perna torcida no pequeno vão que se formava com o carro de trás. Comecei a gritar.. “Cristina, uma palavrinha, Brasil, TV Globo”! Ela já estava quase entrando no carro quando ouviu, se virou e veio na minha direção. Tive tanta sorte  (bênção da Nossa Senhora da Reportagem!) que ela falou sobre o factual do dia – o ataque a um Jornal que recebia quantias milhonárias em publicidade durante o governo dela. Enquanto ela falava eu nem acreditava que aquilo estava acontecendo! Quando eu ia perguntar sobre a corrupção ela virou as costas e foi embora. Mas o principal eu já tinha, uma fala dela sobre um factual do dia! Bingo!
Quando o carro partiu foi só comemoração. Até os colegas da imprensa argentina vieram me parabenizar pelo feito!
Mas não dava para perder tempo. Eu e meus companheiros voltamos para o café da internet. Falei com o editor de internacional da Globo News. Expliquei o que eu tinha e ele ficou super interessado. Me orientou a gravar um boletim com fundo neutro falando do ataque ao jornal e mandar junto com a entrevista. O vídeo era pesado e a internet do café não estava suportando.
Voltamos para o hotel e começou uma maratona coletiva.
Todos foram para o meu quarto e dividimos funções. Enquanto os colegas checavam as informações do ataque em sites confiáveis eu ia escrevendo  o texto. Quando concluímos enviei o texto por mail para o editor. Assim que ela aprovou pegamos os equipamentos (celular, microfone e tripé e fomos pra rua procurar um local. A Carol sugerir a lateral da Galeria Pacífica porque estava bem iluminada. Foi uma ótima idia porque o fundo ficou muito bonito.
Enquanto a Jack e o Luiz ajeitavam tudo em tentava decorar o texto transcrito em um pedaço de papel. O texto era grande e demorei para assimilar. Começamos a gravar com uma leve garoa que não chegou a atrapalhar, mas a gravação foi demorada por outros motivos: eu errei o texto, os “cinegrafistas” cortaram o áudio sem querer, o ônibus buzinou e apareceu o nome da empresa ao fundo, a iluminação (feita com vários celulares dos colegas) caiu e quando finalmente ficou bom ... deu ruído no microfone. TV é realmente um trabalho de equipe e as vezes é demorado porque é um trabalho de detalhes e tudo tem que ficar bom para que o resultado seja satisfatório e principalmente que o editor goste!



Tudo pronto, voltamos para o hotel para a última etapa: enviar e vender o material. Como a Globo News já estava negociado. O Matheus me ajudou a mandar enquanto eu batalhava por outros espaços. Nestas horas a empolgação de quem fez o material é importantíssimo para convencer o editor.  Liguei para o Jornal da Globo. A editora me deu os parabéns pela entrevista coletiva e ficou super animada. Enviamos o material, mas infelizmente o material não entrou porque o jornal estava com o tempo estourado por causa dos factuais no Brasil. Faz parte do jogo e isso não deve ser motivo para desanimar. À meia noite recebi a notícia de que o material já tinha entrado na Globo News. Me mandaram até foto da tela! Missão cumprida! Hora de descansar porque amanhã tem mais!

Nenhum comentário:

Postar um comentário