O Jornal que mais leu no Brasil para me
informar sobre as notícias da Argentina é o Clarín. Pois ontem tive a oportunidade de conhecer este veículo, ou melhor, estes veículos já que se
trata de um grupo de comunicação comporto pelo jornal, revistas, rádio e TV
(canal 13).
Fomos recebidos pela
funcionaria Anabel Attimira. Ela nos deu algumas explicações iniciais e logo nos encaminhou ao Secretário de Redação Dario Gallo que nos cedeu cerca
de 40 minutos do seu precioso tempo.
O jornal Clarín foi
criado em 1945 pelo jornalista Roberto Noble e logo se tornou o Jornal de Maior
circulação da Argentina. O crescimento da estrutura permitiu
alçar voos mais altos. Chegou a ser o jornal de língua espanhola
mais lido do mundo. (Hoje é o terceiro – só perde
para El Mundo e El pais). Os negócios se expandiram. Hoje tem 91% de capital e 9% de acionistas estrangeiros.
O grupo tem correspondentes em cinco países: Brasil, Estados Unidos, França, Espanha e
Itália.
Dario Gallo explicou
como é o trabalho na redação. As diferentes mídias trabalham de forma integrada
é uma grande redação onde a informação circula com rapidez e o grupo está aberto à novas ferramentas.
O jornal criou uma
plataforma própria unificando o trabalho de jornal impresso e digital. Ele diz que a mídia digital veio pra ficar. Hoje os leitores do site
representam o dobro e em algumas datas até o triplo de leitores do jornal impresso, embora seja a publicidade do jornal que sustenta o site.
“Os empresários ainda estão se acostumando com esta forma de investimento, mas
é um caminho sem volta” salienta Dario.
Questionado pelo grupo
sobre o perfil de profissional que eles procuram, ele define da
seguinte forma: “queremos um bom jornalista, que saiba contar boas histórias e
que saiba lidar com as tecnologias”.
É muito importante que
nós jornalistas estejamos preparados para isso porque este é o perfil que a
maioria das empresas procuram.
Foi muito proveitoso
este bate-papo e a visita à redação e aos estúdios de rádio e TV. Não imaginava
que o grupo tinha uma estrutura tão grande.
CRISTINA KIRCHNER
Assim que saímos do
Clarín dei uma sugestão ao grupo. “Vamos à casa da Cristina Kirchner?” Metade do grupo topou.
É que o dia anterior a
correspondente da Folha de São Paulo havia falado que sempre tem muitos
jornalistas em frente à casa dela. Uma figura polêmica que deixou o governo sob
fortes denúncias de corrupção. Lá formos nós para a frente da
casa dela.
Chegando lá a
informação se confirmou. Estava cheio de jornalistas, apesar da chuva. Aliás já
percebi que os argentinos, definitivamente não tem medo de chuva!
Conversando com os
colegas descobrimos que ela estava pra sair a qualquer momento.
Os seguranças fizeram
um escudo humanos da porta do prédio até o carro que ela embarcaria. Eu e a
Jack nos enfiamos logo atrás dos seguranças numa posição ótima para gravar.
Pluguei o microfone do celular e ficamos ali, quase uma hora de pé, quando veio a notícia de que ela
não iria mais sair. O escudo humano se desfez e nós fomos para o outro lado da
rua em um café onde tem wifi. Estávamos tranquilos tomando café e falando com o
Brasil quando as luzes se ascenderam do outro lado da rua. Corremos e mas a nosso posição atrás dos seguranças já esta ocupada pelos fãs
de Cristina.
Eu tinha que analisar o
ambiente e pensar rápido em um plano “B”.
Do outro lado do carro
onde ela entraria, tinha menos gente. O carro do segurança estava colado no carro da ex-presidente. Pensei cá com meus botões: “é
aqui mesmo”.
Como sou pequena
conseguiria avançar um pouco naquele vão para chegar até ela, mas os seguranças
não poderiam perceber que este era o meu plano! O Luiz que bem mais alto que
eu, (deve ter um metro e oitenta) estava atrás de meu. Pluguei
meu microfone no celular e entreguei para ele. Pedi que ele gravasse e se
preocupasse só em enquadra ela. Quando Cristina apareceu na porta foi um
“salve-se quem puder”. Fiquei quase deitada em cima do carro, com a perna torcida no pequeno vão que se formava com o carro de trás.
Comecei a gritar.. “Cristina, uma palavrinha, Brasil, TV Globo”! Ela já estava
quase entrando no carro quando ouviu, se virou e veio na minha direção. Tive
tanta sorte (bênção da Nossa Senhora da Reportagem!) que ela falou sobre o factual do dia – o ataque a um
Jornal que recebia quantias milhonárias em publicidade durante o governo dela.
Enquanto ela falava eu nem acreditava que aquilo estava acontecendo! Quando eu
ia perguntar sobre a corrupção ela virou as costas e foi embora.
Mas o principal eu já tinha, uma fala dela sobre um factual do dia! Bingo!
Quando o carro partiu
foi só comemoração. Até os colegas da imprensa argentina vieram me parabenizar
pelo feito!
Mas não dava para
perder tempo. Eu e meus companheiros voltamos para o café da
internet. Falei com o editor de internacional da Globo News. Expliquei o que eu
tinha e ele ficou super interessado. Me orientou a gravar um boletim com fundo
neutro falando do ataque ao jornal e mandar junto com a
entrevista. O vídeo era pesado e a internet do café não estava suportando.
Voltamos para o hotel e
começou uma maratona coletiva.
Todos foram para o meu
quarto e dividimos funções. Enquanto os colegas checavam as informações do
ataque em sites confiáveis eu ia escrevendo o texto. Quando concluímos enviei o texto por
mail para o editor. Assim que ela aprovou pegamos os equipamentos (celular,
microfone e tripé e fomos pra rua procurar um local. A Carol sugerir a lateral
da Galeria Pacífica porque estava bem iluminada. Foi uma ótima
idia porque o fundo ficou muito bonito.
Enquanto a Jack e o
Luiz ajeitavam tudo em tentava decorar o texto transcrito em um pedaço de
papel. O texto era grande e demorei para assimilar. Começamos a gravar com uma
leve garoa que não chegou a atrapalhar, mas a gravação foi
demorada por outros motivos: eu errei o texto, os “cinegrafistas” cortaram o
áudio sem querer, o ônibus buzinou e apareceu o nome da empresa ao fundo, a
iluminação (feita com vários celulares dos colegas) caiu e quando finalmente ficou bom ... deu ruído no
microfone. TV é realmente um trabalho de equipe e as vezes é demorado porque é
um trabalho de detalhes e tudo tem que ficar bom para que o resultado seja
satisfatório e principalmente que o editor goste!
Tudo pronto, voltamos
para o hotel para a última etapa: enviar e “vender o material”. Como a Globo News já
estava negociado. O Matheus me ajudou
a mandar enquanto eu batalhava por outros espaços. Nestas horas a empolgação de quem fez o material é
importantíssimo para convencer o
editor. Liguei para o
Jornal da Globo. A editora me deu os parabéns pela entrevista coletiva e ficou super animada. Enviamos o material, mas infelizmente o material não entrou porque o jornal estava com o tempo estourado por causa dos
factuais no Brasil. Faz parte do jogo e isso não deve ser motivo
para desanimar. À meia noite recebi a notícia de que o material já tinha
entrado na Globo News. Me mandaram
até foto da tela! Missão cumprida! Hora de descansar porque amanhã tem mais!