segunda-feira, 4 de julho de 2016

DOMINGO DE MUITA CULTURA E HISTÓRIA

Ainda meio “lentos” pelo cansaço da correria do dia anterior começamos o domingo com atividade. Abaixo de chuva fomos de taxi para o Bairro Nuñes onde fica um dos maiores espaços culturais de Buenos Aires: o Ex ESMA – prédio onde funcionava a Escola Superior de Mecânica Armada! É um complexo de vários prédios onde hoje funciona dois Museus e o Centro de Direitos Humanos da Argentina. A história destes prédios é trágica. No período de ditadura era pra cá que eram trazidos e torturados. Nossa visita começa pelo Museu das Malvinas. São três andares de muita informação e muita tecnologia. Logo no entrada tem um imenso painel com o registro das principais datas sobre as ocupações e as batalhas pelas ilhas e um vídeo com muitas imagens das ilhas e  imagens originais das batalhas. O segundo andar tem de um lado a reprodução da  fauna e da flora da ilha com vídeos que mostram no oceano Atlântico, nas águas que cercam o arquipélago!
Esse arquipélago tem aspectos interessantes:
É formado pelas ilhas Soledad (com 3.353 Km2) e Ilha Gran malvina (4.377 Km2) e ainda tem cerca de 200 ilhas melhores e isoladas que as acompanham. O arquipélago tem uma superfície equivalente a 60 vezes a cidade de Buenos Aires fica 1.800 Km distante da capital da Argentina. É um lugar de muita riqueza em biodiversidade, o que chamou a atenção dos britânicos que ocuparam as ilhas. No períodos da Ditadura na Argentina o General Galtieri, determinou a invasão das Malvinas para anexa-la ao territorio argentino.
A decisão dividiu opiniões. A população quería as Malvinas, mas antes quería se librar das atrocidades cometidas pela ditadura. O terceiro andar do prédio mostra em painéis e também em vídeos que até hoje os argentinos não se conformam  em ter perdido a guerra. A ex - presidente Cristina Kirchner recorreu à ONU para retomar o diálogo com os británicos mas sem muitos avanços.
Concluída esta visita retornamos ao ponto central onde outro guía nos aguardava. Ele nos conduziu a uma viagem histórica. Com uma garoa persistente fizemos um passeio entre os prédios enquanto ele nos contava o quanto os argentinos sofreram durante a ditadura.
Em um dos prédios tem estátuas de pessoas caminhando envolta do Obeliso. Segundo o historiador, as estátuas representavam um período da ditadura em as não podia ter reunião de pessoas na rua. Então as mães que tiveram suas filhas grávidas sequestradas ficavam caminhando e assim conseguiu se comunicar. O governo matava as mãe e entregava os filhos para outras famílias com o argumentos de que as crianças não tinham culpa de ter pais biológicos subversivos!
No prédio onde hoje funciona o Museu da ditadura um ambiente sóbrio e chocante. Estão preservados os locais onde as pessoas ficavam isoladas, os locais onde eram torturadas e o visitante também pode ler nos painéis e ouvir depoimentos em vídeo sobre o que acontecia ali. Por alguns momentos senti uma grande tristeza ao pensar que a humanidade é capaz de tudo isso movida por um só sentimento: APEGO ao poder e ao dinheiro. Apenas um prédio é mantido intacto. Quando começaram as reformas, havia muitas críticas já que muitas gente ainda está sendo julgada pelas atrocidades cometidas. Então foram suspensas as reformas neste prédio para que facilitasse o reconhecimento das vítimas. Aquelas que eram mantidas encapuzadas teriam na própria textura da parede uma forma de reconhecimento. Foi uma tarde de mergulho na história, realmente muito interessante. O único ponto negativo foi o guia. Apesar de ser um profundo conhecedor da matéria, se expressava de forma truncada e rápida, tinha pouco poder de síntese e parecida ignorar a chuva nos trechos de caminhada entre os prédios. Fora isso, é uma visita vale à pena, principalmente para jornalistas que precisam conhecer de tudo pelo menos um pouco!

PALESTRA COM A CORRESPODENTE DA FOLHA NA ARGENTINA

Depois de um dia intenso, anda tinha que sobrar fôlego para mais uma atividade, não menos interessante: a palestra com a correspondente da Folha de São Paulo na Argentina Luciana Dyniewicz. Jornalistas sempre querem saber como outros jornalistas trabalham para tirar proveito de erros e acertos. Lucina é uma jornalista simpática e muito bonita (o que deve ter facilitado na busca desenfreada por informações em outro pais). No caso da Folha, diferentemente de outros veículos, o correspondente, após passar por uma prova de conhecimentos gerais de idioma, fica apenas nove meses no pais que vai cobrir. Isso significa que é preciso agir rápido para conseguir fontes confiáveis e informações privilegiadas. Ela contou que não mede esforços pra isso. Aceita todos os convites para eventos sociais, lê muito sobre a história e cultura dos argentinos e acompanha diariamente os noticiários. “mantenho a TV ligada o tempo todo nos programas de notícia enquanto estou em casa” relata a correspondente. A nossa colega Ethel, conduziu as perguntas iniciais e depois abriu para o grupo. Natural de Santa Catarina Lucina mostra que tem muito fôlego para a corrida de um bom trabalho. Ela atua sozinha, faz contatos diários com os editores para oferecer as pautas e definir o que vai virar matéria. Esta é a primeira experiência dela como correspondente e diz que está gostando muito. “Se eu pudesse, ficaria mais tempo aqui”, conclui Lucina.
Foi um bate-papo muito interessante, principalmente no que diz que diz respeito à rotina de um correspondente internacional.

Depois deste último compromisso tive que me recolher! Estava com febre. Fiquei resfriada de tanta chuva!!!

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