DOMINGO DE MUITA
CULTURA E HISTÓRIA
Ainda meio “lentos”
pelo cansaço da correria do dia anterior começamos o domingo com atividade.
Abaixo de chuva fomos de taxi para o Bairro Nuñes onde fica um dos maiores
espaços culturais de Buenos Aires: o Ex ESMA – prédio onde funcionava a Escola
Superior de Mecânica Armada! É um complexo de vários prédios onde hoje funciona
dois Museus e o Centro de Direitos Humanos da Argentina. A história destes
prédios é trágica. No período de ditadura era pra cá que eram trazidos e
torturados. Nossa visita começa pelo Museu das Malvinas. São três andares de
muita informação e muita tecnologia. Logo no entrada tem um imenso painel com o
registro das principais datas sobre as ocupações e as batalhas pelas ilhas e um
vídeo com muitas imagens das ilhas e
imagens originais das batalhas. O segundo andar tem de um lado a
reprodução da fauna e da flora da ilha
com vídeos que mostram no oceano Atlântico, nas águas que cercam o arquipélago!
Esse arquipélago tem
aspectos interessantes:
É formado pelas ilhas
Soledad (com 3.353 Km2) e Ilha Gran malvina (4.377 Km2) e ainda tem cerca de
200 ilhas melhores e isoladas que as acompanham. O arquipélago tem uma
superfície equivalente a 60 vezes a cidade de Buenos Aires fica 1.800 Km
distante da capital da Argentina. É um lugar de muita riqueza em
biodiversidade, o que chamou a atenção dos britânicos que ocuparam as ilhas. No
períodos da Ditadura na Argentina o General Galtieri, determinou a invasão das Malvinas para anexa-la
ao territorio argentino.
A
decisão dividiu opiniões. A população quería as Malvinas, mas antes quería se
librar das atrocidades cometidas pela ditadura. O terceiro andar do prédio
mostra em painéis e também em vídeos que até hoje os argentinos não se
conformam em ter perdido a guerra. A ex
- presidente Cristina Kirchner recorreu à ONU para retomar o diálogo com os
británicos mas sem muitos avanços.
Concluída
esta visita retornamos ao ponto central onde outro guía nos aguardava. Ele nos
conduziu a uma viagem histórica. Com uma garoa persistente fizemos um passeio
entre os prédios enquanto ele nos contava o quanto os argentinos sofreram
durante a ditadura.
Em um dos prédios tem
estátuas de pessoas caminhando envolta do Obeliso. Segundo o historiador, as
estátuas representavam um período da ditadura em as não podia ter reunião de
pessoas na rua. Então as mães que tiveram suas filhas grávidas sequestradas
ficavam caminhando e assim conseguiu se comunicar. O governo matava as mãe e
entregava os filhos para outras famílias com o argumentos de que as crianças
não tinham culpa de ter pais biológicos subversivos!
No prédio onde hoje
funciona o Museu da ditadura um ambiente sóbrio e chocante. Estão preservados
os locais onde as pessoas ficavam isoladas, os locais onde eram torturadas e o
visitante também pode ler nos painéis e ouvir depoimentos em vídeo sobre o que
acontecia ali. Por alguns momentos senti uma grande tristeza ao pensar que a
humanidade é capaz de tudo isso movida por um só sentimento: APEGO ao poder e
ao dinheiro. Apenas um prédio é mantido intacto. Quando começaram as reformas,
havia muitas críticas já que muitas gente ainda está sendo julgada pelas
atrocidades cometidas. Então foram suspensas as reformas neste prédio para que
facilitasse o reconhecimento das vítimas. Aquelas que eram mantidas encapuzadas
teriam na própria textura da parede uma forma de reconhecimento. Foi uma tarde
de mergulho na história, realmente muito interessante. O único ponto negativo
foi o guia. Apesar de ser um profundo conhecedor da matéria, se expressava de
forma truncada e rápida, tinha pouco poder de síntese e parecida ignorar a
chuva nos trechos de caminhada entre os prédios. Fora isso, é uma visita vale à
pena, principalmente para jornalistas que precisam conhecer de tudo pelo menos
um pouco!
PALESTRA COM A
CORRESPODENTE DA FOLHA NA ARGENTINA
Depois de um dia
intenso, anda tinha que sobrar fôlego para mais uma atividade, não menos
interessante: a palestra com a correspondente da Folha de São Paulo na
Argentina Luciana Dyniewicz. Jornalistas sempre querem saber como outros
jornalistas trabalham para tirar proveito de erros e acertos. Lucina é uma
jornalista simpática e muito bonita (o que deve ter facilitado na busca
desenfreada por informações em outro pais). No caso da Folha, diferentemente de
outros veículos, o correspondente, após passar por uma prova de conhecimentos
gerais de idioma, fica apenas nove meses no pais que vai cobrir. Isso significa
que é preciso agir rápido para conseguir fontes confiáveis e informações
privilegiadas. Ela contou que não mede esforços pra isso. Aceita todos os
convites para eventos sociais, lê muito sobre a história e cultura dos
argentinos e acompanha diariamente os noticiários. “mantenho a TV ligada o
tempo todo nos programas de notícia enquanto estou em casa” relata a
correspondente. A nossa colega Ethel, conduziu as perguntas iniciais e depois
abriu para o grupo. Natural de Santa Catarina Lucina mostra que tem muito
fôlego para a corrida de um bom trabalho. Ela atua sozinha, faz contatos
diários com os editores para oferecer as pautas e definir o que vai virar
matéria. Esta é a primeira experiência dela como correspondente e diz que está
gostando muito. “Se eu pudesse, ficaria mais tempo aqui”, conclui Lucina.
Foi um bate-papo
muito interessante, principalmente no que diz que diz respeito à rotina de um
correspondente internacional.
Depois deste último compromisso
tive que me recolher! Estava com febre. Fiquei resfriada de tanta chuva!!!
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