FIM DE SEMANA DE MUITAS EMOÇÕES!
PALESTRA COM ARIEL PALACIOS
Todos os dias assisto o Jornal nas dez no Brasil. É pela
participação do correspondente Ariel Palacios que acompanho as notícias da
Argentina e da América Latina. Esse ritual me tornou fã deste profissional. No
sábado de manhã tivemos a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente e ainda ouvir
o que ele tem a dizer sobre jornalismo e a rotina de um correspondente.
Ariel Palacios nasceu na Argentina, mas foi criado no
Brasil. O destino tratou de trazê-lo de volta para a terra natal. Já são mais
de 20 anos mandando notícias da Argentina para o Brasil. Foram praticamente
duas horas de conversa. Era pra ser uma entrevista conduzida pelo mediador, que
depois abriria para perguntas do grupo. Porém a facilidade de se comunicar do
nosso convidado fez com que ele dominasse. Mas isso não tirou o brilho do
evento realizado na sala de reuniões do Hotel Dazzler Tower Maipu no centro de
Buenos Aires onde estamos hospedados. O tempo limitado fez com que algumas dúvidas
ficassem sem resposta. Mas em contrapartida tivemos uma ideia sobre os desafios
de um correspondente. Ele trabalha sozinho. Acompanha tudo que sai na imprensa
local, faz contato diário com as fontes e grava as participações para a Globo
News no escritório dele. Quando há necessidade, contrata um cinegrafista para
gravações externas. Foi o que aconteceu no terremoto do Chile. Logo que
aconteceu ele ficou sabendo aqui na Argentina e já organizou a partida. Como os
aeroportos estavam fechados, ele se uniu o outros jornalistas e alugaram um
carro para chegar ao Chile. No local onde aconteceu o terremoto a situação era
desoladora. Não tinha energia elétrica, nem água, os telefones e internet não funcionavam e
também não tinha comida. Imagina o que é cobrir uma situação destas sem
comunicação. Dois dias depois começou a funcionar Whats App e ainda só a
Argentina podia receber mensagens. As primeiras matérias para o Jornal foram
escritas de forma fracionada para a esposa Miriam na Argentina e ela daqui
repassavam para o Brasil. Um trabalho de formiguinha! Quem está em casa nunca
imagina as dificuldades pelas quais passam os jornalistas ao cobrir situações
como essa. Relatos como esse ajudam muito a nós jornalistas. Precisamos sempre
pensar em um plano “B” para que consigamos superar obstáculos para cumprir o
nosso ofício de informar!
Quanto às dúvidas que ficaram, Ariel gentilmente nos passou
o e-mail e telefone. Alguns contatos já foram feitos e o retorno tem sido
rápido!
VISITA À CASA ROSADA
Nas minhas vindas anteriores à Argentina, eu tinha me
restringido a tirar uma foto em frente à casa Rosada, já que a visita tem que
ser agendada com antecedência. E foi justamente este agendamento que atrasou a
nossa visita. É que, apesar de a coordenação do curso ter feito o agendamento
por e-mail, por um erro da segurança da casa os nossos nomes não estavam na
lista de visitantes do dia (as visitas são limitadas). Explicamos que éramos
brasileiros do curso Jornalismo sem Fronteiras e que só teríamos aquele dia
para fazer a visita. Cecília, uma simpática argentina que não mediu esforços
para nos atender, resolveu o nosso problema. Todavia teríamos que voltar às 14
horas. Como já era quase meio dia, procuramos um lugar para almoçar. O grupo se
dividiu em dois restaurantes. Eu almocei no Gran Vitória que fica próximo à
casa Rosada. Esta muito frio e chovendo. Sentar naquele ambiente quentinho e
agradável era tudo que precisávamos naquele momento. Novamente o item “preço”
foi um agente limitador. A opção mais em conta era um lanche e foi essa a
escolha do grupo.
Bem alimentados voltados para a Casa Rosada. Cecília estava
lá à nossa espera, e desta vez a conversa foi rápida. Entregamos uma lista com nome e RG de todos e já
fomos conduzidos a nossa Guia. Silvina
era outra argentina simpática e bem humorada que tornou a nossa visita muito
divertida. Não faltaram brincadeiras sobre a nossa rivalidade no futebol. E ela
fazia questão de nos lembrar do maldito 7 X1. E nós também não deixamos por
menos ao lembra-la dos 23 anos de jejum de títulos da Argentina! Brincadeiras à parte, a nossa guia não economizou em informações e curiosidades
do local de onde saem as decisões mais importantes do pais e que interferem
diretamente na vida dos argentinos. Aprendi por exemplo a identificar quando o
presidente está na Casa. Do lado de fora tem uma bandeira grande da Argentina e
do lado de fora, quando Mauricio Macri está, tem uma bandeira pequena da
Argentina ao lado. Cada pais tem seus rituais e seus costumes. Para um
jornalista é muito importante ter conhecimento destes detalhes! Um dos locais
visitados foi sala onde são realizadas
as coletivas de imprensa. Tem várias cadeiras voltadas para o local reservado
às falas do presidente. A maior curiosidade está no teto. Há um lustre enorme
onde que pesa uma tonelada e duzentos e cinquenta quilos! (por segurança, não fiquei embaixo do lustre
– vai que.. né!). Realmente é um lustre muito bonito mas se eu tivesse que
cobrir uma coletiva ali, ficaria bem longe dele! Também visitamos uma espécie de “galeria dos
famosos”. É um corredor onde tem fotos dos ídolos mais populares da Argentina.
Diego Maradona – o “Dieguito” que deu tantas alegrias no futebol, apesar das
transgressões (era consumidor de cocaína) tem uma parede inteira só pra ele!
Outra sala interessante é a que era usada por Evita Peron.
Tem uma escrivaninha, relativamente simples, comparado ao poder que esta mulher
exerceu no pais, e ao lado alguns sofás e quadros de artistas famosos. Ao lado,
fica a sala de reuniões usado pelo marido com um quadro muito significativo
onde ela abraça o marido após o último discurso antes de morrer.
Até este ponto pudemos tirar fotos. À partir dali, fotos e
imagens são proibidas. É que estávamos entrando na área oficial onde ficam os
gabinetes do presidente Macri e da vice-presidente Gabriela Michetti. Por
medida de segurança, ninguém pode registrar nada. O gabinete da vice-presidente
tem uma mesa para pequenas reuniões e uma escrivaninha que do lado onde ela
senta não tem cadeira porque ela é paraplégica.
Já gabinete do presidente é bem maior e mais bonito.
Visitamos ainda a área central um local considerado o pulmão
da Casa por ser aberto e com muitas árvores, e por final a sala dos
presidentes. Ali estão os bustos dos presidentes. Mas o curiosos é que nem
todos os presidentes tem busto. É isso mesmo. Existem regras. O busto é
colocado dois mandatos depois e quem dá palavra final e o presidente que está
final é o quem está no poder. Achei muito estranho este critério, mas cada pais
com suas esquisitices! O busto que achei mais curiosos foi o do ex-presidente
Marcelo Alvear, que governou de 1922 à 1928. Ele é o único busto sem roupa,
segundo a nossa guia, por exigência da sua esposa. Ele era muito apaixonado por
uma cantora lírica e quando ela fazia show ele comprava todos os ingressos para
assisti-la sozinho e ao final da apresentação repetia sempre a mesma proposta:
“casa comigo”! Até que um dia ela não resistiu!
A Casa Rosada ainda tem duas escadaria, uma se chama França doado pelo
governo daquele pais, onde tem uma quadro de tapeçaria com a imagem de uma
homem à cavalo (bem parecido com
Napoleão) e a outra se chama Itália onde tem também uma obra doada por aquele
pais.
Mas o local que eu mais gostei de visitar foi a varanda.
Local onde os presidentes, ao longo da história se comunicaram diretamente com
a população que ficaram em frente a Praça de maio. Muitas imagens desta varanda
correram o mundo e agora estávamos ali de frente para a praça. Me coloquei na
posição do governante falando ao povo. É como se a gente entrasse na história!
Emocionante! Ainda bem que dali, podíamos tirar foto!
A visita durou pouco mais de uma hora e meia e foi uma aula
de história da Argentina.
MESSI E GLOBO NEWS
Pela manhã o Ariel Palacios nos contou que haveria uma “bandeiraço”.
Os torcedores e fãs de Messi iriam para a Praça da República onde fica o
momento “Obelisco”, ponto tradicional de concentração para protestos e
manifestações da Argentina, para pedir que o jogador Lionel Messi ficasse na
seleção da Argentina. É que na última semana Messi, surpreendeu o mundo – e
principalmente os argentinos – ao declarar que não jogaria mais pela seleção,
depois da derrota da Argentina nos pênaltis para o Chile na final da Copa
América. O atacante que já foi considerado cinco vezes o melhor do mundo era a
esperança do pais para quebrar o jejum de 23 anos sem título!
Quando o assunto é futebol nem o vento e nem o frio de 10
graus intimidam os argentinos. Cerca de mil pessoas foram para a praça gritar
aos quatro ventos “Messi fica”!
E nós não poderíamos perder essa. Lá fomos nós conferir de
perto. Conversei com a Jack Moraes da equipe de organização do grupo e
perguntei se ela topava gravar com o celular uma participação minha já que os
colegas que iriam, tinham a missão de fazer o trabalho deles. A Jack respondeu:
“demorou”....e foi dada a largada!
Conversei com a Globo News no Brasil e eles toparam uma
participação minha. Saímos `a baixo de chuva forte na maior ansiedade de não
perder nada. Eu estava me sentindo como se fosse a minha primeira participação
na Globo News. Acho que fui contagiada pela energia dos recém formados...
sensacional!
Chegando lá a chuva não deu trégua. Eu a Jack pedimos para
um torcedor segurar o guarda chuva pra ela. Acho que ele achou estranho mas
topou. Gravamos e corremos atrás de um restaurante com wifi. Ouvimos o início
da gravação. Quando percebemos que estava tudo ok já enviamos o vídeo por whats
App e ficamos aguardamos a resposta. Aí vai uma dica: confira todo o material
de “cabo à rabo”. Nós não fizemos isso e lá no meio o áudio estava muito ruim!
Voltamos para a praça e gravamos tudo de novo! Mas foi bom porque desta vez os
outros integrantes do grupo estavam perto. A Fernanda segurou o guarda-chuva
para a Jack e o Luiz deu dicas preciosas sobre o Messi. Agora sim, conferimos
todo o material e corremos para o restaurante. Pedimos mais uma vez para o dono
nos empresar o wifi. Com muita gentileza e nos autorizou. Desta dez deu certo e
estava tudo ok! Voltamos para o hotel, todos molhados, direto para um banho
quente e vitamina C. Tentamos baixar a adrenalina. Enquanto o Luiz e o grupo
dele escreviam a matéria para mandar para o Brasil, os outros faziam contato
com brasileiros para saber se a Globo News usou o material.
As imagens feitas pela Jack já tinham entrado, faltava agora
o meu boletim. A previsão era entrar no Jornal das 10. Já eram quase 11 horas e
nada. Mandei uma mensagem para a Olívia, produtora da GNews para saber se o
editor tinha derrubado e ela respondeu “está no ar”. Logo começaram a chegar as
fotos da tela da TV. Foi uma comemoração muito grande, emocionante para todos
nós que mais tarde ainda vimos a matéria do grupo do Luiz publicada no Brasil!
Fazia tempo que eu não vivia uma adrenalina tão gostosa!
Fomos dormir com a sensação do dever cumprido!
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